Introdução:
A escritura é fonte de prazer (Sl.1.2) e o fundamento do sucesso (Js.1.8) para o cristão que nela medita de dia e de noite e aplica em sua vida os princípios apresentados por Deus em suas páginas (veja mais aqui). A escritura é o depósito da verdade divina que transforma a vida daquele que se dedica a conhecer a Deus através de seus escritos. É nela que Deus se dá a conhecer Sua pessoa e vontade por meio de Cristo. No capítulo 17 do evangelho de João nós encontramos a mais expressiva oração de Cristo. Segundo nos instrui o evangelho, Cristo ora por Si mesmo (v.1-5), por Seus discípulos (v.6-19) e por fim por todos nós (v.20-26). E nessa oração encontramos três características de Cristo, como nosso mediador e revelador do Pai que nos impelem a conhecê-Lo ainda mais profundamente. É portanto, fundamental para o cristão que almeja desfrutar de um relacionamento de intimidade com Deus conhecer a verdade divina através de Jesus Cristo.
1. Cristo manifesta o nome do Pai
Jesus Cristo é a verdade (Jo.14.6) que liberta (8.32) e aquele que pode explicar quem o Pai é (1.18), por que Ele é o único que desfrutou a eternidade com o Pai (1.1), que veio do Pai (16.28), aos homens (1.14) para manifestar a verdade sobre Ele (3.13). Essa verdade é reconhecida pelo próprio Senhor, pois em sua oração ele mesmo afirma: “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo” (v.6; cf. v.25). Jesus Cristo afirma que Ele mesmo deu a conhecer o nome de Deus, Yahweh, que significa “Eu Sou”. Isso provavelmente se refere ao fato de que o próprio Cristo usou esse mesmo nome sobre Si mesmo (8.58) e por diversas vezes o usou em relação à sua identidade como o Pão da vida (6.35), Luz do mundo (8.12), Bom Pastor (10.11) e assim por diante.
Mas, também devemos considerar que o termo “nome” significava muito mais para os judeus do que somente a descrição nominal de um indivíduo; para eles, o “nome” de uma pessoa era também a descrição do caráter ou natureza de um indivíduo. Tiago e João eram chamados de Boanerges, o que significa Filhos do Trovão (Mar.3.17). José, um dos parceiros ministeriais de Paulo, era chamado Barnabé, que significa Filho da exortação (At.4.36). Simão, o discípulo de Cristo, foi chamado de Cefas que significa pedra (Jo.1.42; Mat.4.18; 16.18). Esses nomes foram assim dados por serem a descrição da personalidade ou natureza de cada indivíduo. Portanto, Cristo é Aquele que manifesta o Pai nas suas características e natureza. Não podemos conhecer a Deus a parte de Cristo, nem mesmo à parte do evangelho. Onde encontramos a manifestação do nome do Pai? Nas escrituras sagradas é quem encontramos o que precisamos saber sobre Deus por meio de Cristo Jesus. É por isso que o cristão deve se dedicar a conhecer a Deus por intermédio das escrituras.
2. Cristo transmite a palavra do Pai
Cristo também afirma que Ele mesmo teria se encarregado de transmitir as palavras de Deus aos seus discípulos: “Eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste” (Jo.17.8). Ele é o mediador entre Deus e os homens (2Tm.2.5) autorizado a propagar a mensagem do Pai e que apresenta tudo o que recebeu do Pai aos discípulos (15.15). Em Sua incarnação, Cristo humildemente oferece aos homens somente aquilo que recebeu do Pai (14.10), de tal forma que até mesmo seus discípulos reconhecem que Ele é o único que tem palavras de vida eternal (6.68). É interessante notar, que Cristo não é apenas aquele que ofereceu (no passado) as palavras de Deus, mas Ele ainda o faz hoje (no presente): “Eu lhes tenho dado a tua palavra” (v.14).
Entretanto, a transmissão da palavra do Pai realizada por Cristo foi rejeitada pelos homens que o crucificaram e ainda o é em nossos dias por todos que não O recebem por meio da nossa pregação do evangelho. Contudo, os discípulos de Cristo nos dias de sua encarnação receberam as palavras de Deus transmitidas por Cristo (v.8) e agora crêem que Cristo fora enviado pelo Pai ao mundo. Eles também reconhecem que Seu ensino vem do Pai (v.7) e que esse ensino é a verdade divina. Portanto, se quisermos ser bons seguidores de Cristo, precisaremos seguir o exemplos de Seus discípulos e receber a mensagem de Cristo estampada nas sagradas escrituras e reconhecê-la como a mensagem de Deus. Afinal, é a partir de Cristo que podemos conhecer a Deus verdadeiramente.
3. Cristo transmite a Glória do Pai
Por fim, Cristo também transmite aos Seus discípulos a Glória que recebeu do Pai: “Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado” (v.22). A vida de Cristo teve por objetivo maior o glorificar a Deus (v.4), mesmo que isso significasse passar pela morte (Lc.22.42). Ele foi obediente até a morte de cruz (Fp.2.8) e pela obediência consumada foi aperfeiçoado (Hb.5.8-9). Tudo isso aconteceu em função de que a Glória de Deus estava em primeiro lugar em sua vida.
Isso precisou ser assim por que Cristo trocou a alegria que lhe estava proposto pelo sacrifício que faria por nós em uma cruz (Hb.12.2). Cristo se esvaziou (Fl.2.6) da Glória que tinha com o Pai desde a eternidade (Jo.17.5) para que pudesse transmitir unicamente a glória do Pai aos homens, a mesma glória que o próprio Pai teria dado ao Filho para Seu ministerio entre nós (v.22).
O objetivo de Cristo em assim fazer era que pudéssemos chegar à unidade com o Pai, do mesmo modo que Ele o Pai desfrutam de unidade (v.22): “Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade” (v.23). Esse relacionamento harmonioso do cristão com Cristo e com o Pai é o fundamento da unidade da comunidade de fiéis. É essa unidade que garante o testemunho da verdade de Cristo ao mundo: “para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (v.24). Essa
unidade não é institucional, como se a organização de uma igreja refletisse o caráter de Deus. Essa unidade é espiritual e relacional. A partir da salvação o cristão é convidado para um ambiente de relacionamento de paz com Deus (Rm.5.1), e no desenvolvimento desse relacionamento com Deus é que os cristãos podem encontrar a verdadeira unidade.
Conclusão:
Se é em Cristo que encontramos a verdadeira manifestação da pessoa do Pai, as palavras do Pai e mesmo a glória de Deus, nós cristãos devemos nos empenhar em conhecê-lo profundamente. E claro, não existe melhor livro para conhecê-Lo senão as inspiradas escrituras de Deus. Portanto, a prazerosa meditação diária das escrituras é uma excelente maneira de conhecer a Deus e a Cristo, Seu Filho.
Por Marcelo Berti
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