Nós que somo evangélicos sempre chamamos os outros de alienados acerca das coisas de Deus, mas nos mesmos somos super alienados no sentido político, econômico, social e quase nunca sabem nada sobre história que não se refira a Bíblia. O que é pior, um fenômeno está acontecendo, é que os cristão estão alienados acerca das questões doutrinária e eclesiástica.
O tema da “alienação” é antigo na filosofia, mas pode-se dizer que a sua importância enquanto conceito para compreender processos sociais e humanos começou com Hegel…
Mas foi a interpretação feita por Karl Marx que deu a enorme força que o conceito teria nos debates em torno do lugar do sujeito (ser humano) na modernidade e no capitalismo.
Alienação significa “estranhamento”.
Para Hegel, não existe contradição entre consciência e alienação, pois é preciso se alienar para que se tenha consciência. Ou seja, quando tomamos consciência da existência das coisas que nos são exteriores e portanto estranhas, tornamo-nos conscientes delas. Para Hegel a alienação é um processo humano universal independente da história.
Mas Marx dirá que a alienação ocorre quando perdemos o controle sobre as coisas que nos cercam. Ou seja, quando estas coisas se tornam independentes e passam à dominar o sujeito. Marx analisa este processo no contexto da produção econômica antes e depois da revolução industrial. Antes o artesão dominava as coisas através de seu conhecimento e trabalho. Mas na fábrica, ele é alienado daquilo que produz, o operário não se reconhece no produto do seu trabalho, que se torna um fetiche (um fantasma).
Este debate feito por Marx com Hegels motivou inúmeros outros pensadores à analisar o lugar do indivíduo no capitalismo e a modernidade em termos de alienação.
De maneira geral, o conceito se tornou popular por descrever um distanciamento entre os indivíduos e a realidade, onde o mundo se torna cada vez mais estranho e exterior, em contraste com uma visão romântica do selvagem que viveria em proximidade e equilíbrio com a natureza. Pode-se dizer que um ser alienado é aquele que perdeu o controle sobre o próprio destino e que não enxerga a realidade como ela é, mas através de fantasias.
Partindo da explicação acima, pude vincular a palavra alienação à "perda" e à "limitação da expressão e da potencialidade". Toda vez em que o homem perde alguma coisa, tanto externa quanto interna, ou é limitado, de alguma forma, para que não venha a expressar tanto corporal quanto verbalmente, toda a potencialidade que lhe é inerente, ele se torna um alienado.
Agora estamos, em condição de explicar qual o "modus operandi" que as igrejas tem adotado para transformar os seus membros em cristãos alienados.
1 - O estudo e a exposição clara e contínua da Palavra de Deus não são incentivados. Tanto nos cultos, quanto nas festividades, o tempo é quase todo tomado por homenagens, cantores, jograis, etc., ficando pouquíssimos minutos para a Palavra de Deus. Esse estratagema evita que o cristão venham a ter um conhecimento mais profundo das Escrituras, impedindo, consequentemente, que ele venham a desenvolver uma consciência mais nítida de seu verdadeiro papel como filho de Deus.
2- Há uma intenção deliberada de impedir que os cristão venham a tomar conhecimento de seus direitos. Quase ninguém sabe que o membro tem o direito de obter uma cópia do Estatuto e do Regimento Interno da Igreja, documentos nos quais constam os direitos e os deveres dos membros e dos obreiros, assim como o modo pelo qual a igreja deve estruturada e administrada. Ninguém sabe que é um dever do pastor prestar contas das receitas e despesas da igreja. Todos são ensinados a não perguntar sobre o destino de seus dízimos, sob a alegação de que não se pergunta por algo que se paga a Deus. Quase ninguém sabe que, se for "excluído" tem o direito de defesa em uma assembléia específica. O que se dá a conhecer ao membro são apenas seus deveres.
3- Constrói-se uma doutrina, ainda que velada, da infalibilidade do pastor. Ele passa a ser visto como o santo, o profeta, o magnânimo, o perfeito, cujas ações não podem ser contestadas por ninguém. Qualquer crítica quanto à atitude do "ungido" é considerada como aberta resistência demoníaca.
4- Ensina-se ao crente que ele não deve nunca "murmurar". Deve aceitar passivamente a todas as regras do sistema, submetendo-se totalmente a elas. O mesmo é persuadido a aceitar que a benção divina só virá como resultado de sua irrestrita "obediência" (na verdade, obediência é o nome que eles dão à subserviência e à bajulação).
5- Ao cristão é ensinado que "a letra mata, mas o espírito vivifica". Distorcem assim, a Palavra de Deus, para justificar o desprezo total pela razão, como critério justo de julgamento das manifestações espirituais. Leva tempo para o cristão perceber que a letra que mata é a letra da Lei, mas não a letra das orientações apostólicas quanto à forma de julgar as doutrinas e modismos heréticos. Ensina-se que é errado julgar essas manifestações, pois o homem carnal não entende as coisas do espírito. Há uma total inversão: manifestações puramente carnais, baseadas na fantasia
humana
, como sopro, riso, rastejamento, quedas, são revestidas de um caráter espiritual, enquanto que um discernimento, baseado na Palavra de Deus, é uma atitude carnal. Dessa forma, toda a racionalidade é sacrificada, restando apenas um ser irracional, que é difícil identificar como sendo gente.
Eu poderia relacionar aqui outras estratégias, utilizadas por líderes perversos, para alienar o cristão de sua situação original de filho de Deus, co-administrador da obra de Deus, embaixador, herdeiro de Deus, adorador racional, sacerdote de Deus, etc.
Infelizmente, em muitas igrejas, o cristão tem de sacrificar toda a sua individualidade, bom senso, capacidade crítica e autonomia, caso queira ser aceito pelo sistema. Se não escrever, de acordo com a cartilha, está fora. Os cristãos dessas igrejas deixaram de ser gente e passaram a ser número, estatística, apenas. São como ovelhas, das quais o que se quer é apenas carne e leite. Quanto ao perigo dos lobos as devorarem, eles dizem: "que se dane".
É impressionante como essa massa incontável de alienados é facilmente controlada. São como uma manada de bois que seguem o som das buzinas, o estalo do chicote e o grito do boiadeiro. E todos obedecem, sem reclamações, sem contestações. Infelizmente desconhecem a força que têm.
Meus Deus! Quando isso vai terminar? Como foi que deixamos isso acontecer?
Pobres alienados!
Nenhum comentário:
Postar um comentário