Teologia da Prosperidade |
Para satisfação de alguns e
espanto da maioria, o movimento da "confissão positiva" tem se
alastrado na comunidade evangélica brasileira nos últimos anos. Conhecido
popularmente como a "teologia da prosperidade".
De acordo com o Dictionary Of Pentecostal And Charismatic Movements (Dicionário dos Movimentos Pentecostal e Carismático),
Confissão positiva é um título alternativo para a teologia da fórmula da fé ou doutrina da prosperidade promulgada por vários televangelistas contemporâneos, sob a liderança e a inspiração de Essek William Kenyon. A expressão "confissão positiva" pode ser legitimamente interpretada de várias maneiras. O mais significativo de tudo é que a expressão "confissão positiva" se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos com nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão.
O que ensina os propagadores da "Confissão Positiva" ou "Teologia da Prosperidade".
Esta corrente
doutrinária ensina que qualquer sofrimento do cristão indica falta de fé.
Assim, a marca do cristão cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física,
emocional e espiritual, além da prosperidade material. Pobreza e doença são
resultados visíveis do fracasso do cristão que vive em pecado ou que possui fé
insuficiente.
Outros ensinos pouco
ortodoxos caracterizam a confissão positiva, conhecida também como
"evangelho da saúde e da prosperidade'', ' 'palavra da fé'' ou ainda como
"movimento da fé". Seus líderes apregoam que os humanos possuem a
natureza divina, que consultar médicos ou tomar remédios é pouco recomendável
para o cristão, que Jesus foi milionário e que a soberania de Deus é limitada
pela vontade humana.
A Consequência desses ensinos:
A confissão positiva tem
causado muita controvérsia e deixado um rastro de tragédias, desapontamentos e
confusão em muitas igrejas de diferentes denominações. Para surpresa de muitos,
as igrejas evangélicas tradicionais estão entre as mais vulneráveis a este
movimento.
Não se pode negar que o
movimento de confissão positiva tem várias coisas a nos ensinar, tais como orar
com fé, orar crendo nas promessas de Deus e ter uma mente positiva, evitando,
assim, atitudes pessimistas, tão comuns em muitas pessoas que se dizem cristãs.
Nestes aspectos, precisamos reconhecer que a confissão positiva tem algo a nos
transmitir e devemos ser humildes o suficiente para receber tais ensinos. Nossa
preocupação é com outros aspectos do movimento abertamente contrários às
Escrituras, com respeito à soberania de Deus, à pessoa e obra de Jesus Cristo,
à natureza do homem, bem como ao resultado, na prática, ao se abraçar tal
ensino.
A Origem da Confissão Positiva ou Teologia da Prosperidade:
A confissão positiva tem suas
origens numa antiga heresia conhecida como gnosticismo. Esta palavra vem do
vocábulo grego gnosis, que significa "conhecimento". Tal heresia data
do primeiro e segundo séculos da era cristã e ensinava que havia uma verdade
especial, mais elevada, acessível somente aos iluminados por Deus.
Os gnósticos
acreditavam que na natureza humana há o princípio do dualismo, isto é, que o
espírito e o corpo - duas entidades separadas - são opostos. Para eles, o
pecado habitava somente na carne, tornando-a totalmente má. O corpo podia fazer
tudo o que lhe agradasse, vivendo nos prazeres da carne. O espírito era
totalmente bom. Assim, alguém poderia ter uma vida impura fisicamente e ao
mesmo tempo ser espiritualmente puro.
Judith A. Mata declara: Na virada do século, as
seitas gnósticas têm se tornado uma parte da história religiosa no nosso
próprio país. O mormonismo, tornando homens em deuses, e a Ciência Cristã, com
seus métodos de unidade com a Mente Divina, foram ambos estabelecidos no século
passado. A mitologia do mormonismo e as "leis" da Ciência Cristã são
reflexos diretos do pensamento gnóstico.5
Mata acrescenta ainda: Há seitas gnósticas na nossa
sociedade hoje, e o movimento Palavra da Fé é a mais nova e disfarçada de todas
as seitas gnósticas que apareceram nos últimos dois séculos.
Essek William Kenyon O Pai da "Confissão Positiva" ou "Teologia da Prosperidade"
Muitas pessoas no movimento
da confissão positiva consideram Kenneth Hagin como o pai deste ensino. Paul
Crouch, presidente da maior rede evangélica de TV do mundo, conhecida como
Trinity Broadcasting Network (TBN), com sede na Califórnia, E.U.A., refere-se a
Hagin como "papai Hagin". Outros proeminentes pregadores do evangelho
da prosperidade consideram-se de fato discípulos de Kenneth Hagin. Entretanto,
quando se investiga o desenvolvimento histórico do movimento, chega-se à conclusão
de que o verdadeiro pai da confissão positiva é Essek William Kenyon.
Kenyon nasceu no condado de
Saratoga, Nova York, Estados Unidos, em 1867. Sua conversão deve ter acontecido
quando ele tinha entre 15 e 19 anos de idade. Aos 19 anos, pregou o seu
primeiro sermão numa igreja metodista. Em 1892, mudou-se para Boston, onde
freqüentou várias escolas, entre elas a Faculdade Emerson de Oratória, fundada
por Charles Emerson. É importante saber quem foi Charles Emerson para se
compreender a hermenêutica (ciência que trata da interpretação bíblica) de
Kenyon.
Em seu livro A Different Gospel, McConnell comenta que Charles Emerson
foi um colecionador de religiões, um eclético, no sentido mais verdadeiro da
palavra:
Em seus 40 anos de
ministério, a teologia de Emerson evoluiu do congregacionalismo para o
universalismo, para o unitarismo, para o transcendentalismo, para o Novo
Pensamento (Nova Idéia), e terminou, finalmente, nas mais rígidas e dogmáticas
de todas as seitas metafísicas, a Ciência Cristã.
Emerson uniu-se à Ciência
Cristã em 1903 e nela permaneceu envolvido até sua morte, em 1908. Sua
conversão à Ciência Cristã foi a última progressão lógica na sua evolução
metafísica do ortodoxo para o sectário.
McConnell cita em seu livro
uma declaração de Ern Baxter, que torna patente a influência da Ciência Cristã
sobre Kenyon.
Conheci Ern Baxtet
pessoalmente nos Estados Unidos e estudei a Bíblia com ele no primeiro semestre
de 1979, em San Diego, Califórnia. Confesso que fiquei bem impressionado com
ele e com seus ensinos e tive a impressão de que ele realmente amava o Senhor.
Não sabia, entretanto, de seu envolvimento com uma prática nada recomendável
sobre o discipulado.
Baxter estava engajado no
Shepherding Movement, movimento que ensinava a necessidade de cada novo membro
no grupo ter um líder espiritual, um discipulador, a quem contaria todos os
seus pecados, fantasias ou qualquer outro problema do passado e do presente.
Chegava-se ao cúmulo de o discipulador poder decidir sobre a carreira, o curso
na faculdade e até sobre com quem o discípulo deveria se casar, tolhendo,
assim, a liberdade cristã do novo membro e assumindo o papel do Espírito Santo
em sua vida.
Ern Baxter, que conheceu e
conviveu com Kenyon, declara que ele sem dúvida foi influenciado por Mary Baker
Eddy, fundadora da seita norte-americana Ciência Cristã. Veja o que Baxter tem
a dizer sobre isto:
Minha razão principal para
afirmar isto não se baseia apenas no que apanhei das coisas metafísicas que ele
dizia em nome do cristianismo, mas também de uma certa tarde em que me fez uma
visita, como já fizera em várias ocasiões. Ele estava sentado lendo, num canto
da sala onde eu tinha uma prateleira com alguns livros, um dos quais era Chave
das Escrituras, de Mary Baker Eddy, que eu tinha para fins de referência, sendo
estritamente contra quase todos os seus pontos de vista. Mas eu o encontrei
lendo o livro e sorri enquanto passava, não querendo interrompê-lo. Voltei uns
30 ou 40 minutos depois e ele ainda o estava lendo. Então fiz um comentário e ele
respondeu, positivamente, que havia muito que se poderia aproveitar de Mary
Baker Eddy. Aquilo me despertou. Não posso dizer que me surpreendeu, mas me
alertou para o fato de que ele provavelmente não estava formulando suas
posições de fé inteiramente baseado em sola Scriptura, mas foi influenciado
pelos metafísicos.
Torna-se necessário abrir
aqui um parêntese para um interessante comentário de Charles Capps, outro
proeminente pregador da Confissão Positiva do Estado de Arkansas. Num de seus
livros ele comenta:
Às vezes, quando começo a
ensinar sobre isso, as pessoas dizem que parece doutrina da Ciência Cristã. Uma
senhora cutucou o marido numa reunião no Texas (minha esposa ouviu) e disse: '
'Isto parece Ciência Cristã'' .
E certo que Kenyon esteve
envolvido com uma variedade de ministérios e atividades durante a sua vida. Fez
reuniões evangelísticas em San José, Oakland e em muitas outras cidades da
Califórnia. Era sempre convidado por Aimee Semple McPherson para pregar no
Angelus Temple, em Los Angeles, sede da denominação da Igreja do Evangelho
Quadrangular. Em 1926, assumiu o pastorado de uma igreja batista independente
em Pasadena, também na Califórnia. Fundou a Igreja Batista Nova Aliança, na
cidade de Seattle, em 1931. Logo em seguida, começou um programa de rádio,
tornando-se, assim, um dos pioneiros deste novo método de evangelização.
Kenyon faleceu no dia 19 de
março de 1948 com a idade de 80 anos. Antes de sua morte, encarregou sua filha
Rute de continuar o seu ministério e publicar os seus escritos, o que ela
cumpriu fielmente. Mais tarde, alguém utilizaria as idéias e os escritos de
Kenyon para dar forma ao que viria a ser um dos maiores e mais controvertidos
movimentos dentro do corpo de Cristo da atualidade. Esta pessoa é Kenneth Erwin
Hagin.
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