Às vezes encontramos nas escrituras algumas palavras que não
são tão comuns, e a intenção de Deus obviamente não é complicar o nosso, mas
que tomemos consciência da realidades espirituais que elas se referem, e que
elas existem para serem desfrutadas real e plenamente pela Igreja. Um desse
termos é “Propiciação”.
DEFINIÇÃO: “Propiciação”; a melhor explicação para o
termo é que nos diz que “propiciação significa a remoção da ira
mediante a oferta de algum presente”. Era um ato presente na política
internacional no Oriente Antigo, quando um rei de alguma nação, para se manter
seguro, enviava presente a outro rei, de uma nação mais forte. Era um gesto
destinado a cultivar boas relações.
NO SENTIDO BÍBLICO: O verbo hebraico que traz
a ideia de propiciação é kipper, com a ideia de fazer amizade, de
juntar partes opostas e até mesmo em conflito. No Novo Testamento, a ideia mais
próxima é “reconciliação”. A ideia do Novo Testamento se entende bem em
2Coríntios 5.21.
Quando O Senhor ordenou a construção dos utensílios do
tabernaculo, também ordenou a construção da “Arca da Aliança, feita de madeira
coberta de ouro, mas a tampa ordenou que fosse feita de ouro puro com dois
querubins fazendo sombra com suas asas, e colocou o nome de “Propiciatório”.
Nesta tampa o sangue do sacrifício feito pelo povo deveria ser aspergido. Tanto
a arca como a sua tampa apontam para Cristo, em queme onde deus se tornou
propício.
Podemos dizer que propiciar é colocar-se a favor de alguém. O
homem estava contra Deus, havia pecado, e por tanto o juízo de Deus estava
contra ele, de maneira que algo deveria ser feito para que Deus pudesse estar a
favor do homem e não contra ele. Propiciar é fazer todo necessário para que o
homem se volte para Deus, e Deus para o homem; mas faltava uma base para que
isto ocorresse por isso Deus enviou Jesus Cristo Jesus para ser a nossa
propiciação.
Podemos ver isto na primeira epístola do apóstolo João. Nela vemos o primeiro aspecto da obra da cruz de Cristo como nossa propiciação,
1 João 2:1, 2 :
“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo,
o Justo;e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos
próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”.
A palavra grega (hilasmos) traduzida "propiciação" em
1 João 2.2 e 4.10 aparece somente estas duas vezes no Novo Testamento. Esta
palavra descreve um aspecto importantíssimo da salvação. Esta palavra significa
satisfação e dá a ideia de aplacar a ira de Deus em relação ao pecado do homem.
Nesta passagem João mostra que Jesus propicia a Deus com relação a nossos
pecados.
Hernandes Dias Lopes citando Augustos Nicodemos diz que a
propiciação está ligada aos sacrifícios do Antigo Testamento. Animais eram
sacrificados e o seu sangue derramado como “pagamento” pelo pecado (Lv
16.14,15; 17.11). Os sacrifícios eram oferecidos para cobrir os pecados e
afastar a ira de Deus sobre os pecadores. Cristo é o sacrifício, providenciado
pelo próprio Deus, que satifaz a justa ira de Deus pelos nossos pecados, e
desvia essa ira de Deus sobre nós, apaziguando a Deus e nos reconciliando com
Ele (1Jo 4.10; Rm 3.25,26; 1Pe 2.24; 3.18).2
Se Deus é santo e não suporta o pecado como então remover a
ira de Deus? No Antigo Testamento nós podemos observar que a ira de Deus não se
removia, ela se desviava. Observe o que o salmista nos fala:
“Ele, porém, que é misericordioso, perdoa a iniquidade e não destrói; antes, muitas vezes desvia a sua ira e não dá largas a toda a sua indignação”. Salmo 78.38.
O pecado tem um preço e o preço é a morte (Ez 18.20 e Rm
6.23). O pecado é tão sério aos olhos de Deus que exige a morte do pecador. A
única maneira de se aniquilar o peso do pecado é com a morte. Por isso Deus
instituiu o sacrifício no culto do Antigo Testamento para ensinar este aspecto.
É a morte, através do derramamento do sangue, que faz a propiciação ou expiação
dos nossos pecados.
Jesus não é apenas o propiciador, ele é a propiciação. Como
ele fez isso? Para defender-nos diante do tribunal de Deus era necessário que a
lei violada por nós fosse cumprida e que a justiça de Deus ultrajada por nós
fosse satisfeita. Jesus veio como nosso fiador e substituto. Ele tomou sobre si
os nossos pecados. Ele sofreu o duro golpe da lei em nosso lugar. Ele levou
sobre si a nossa culpa. Ele bebeu sozinho o cálice da ira de Deus contra o
pecado. ele se fez pecado por nós. Ele foi humilhado, cuspido, espancado,
moído. Ele morreu a nossa morte. A cruz é a cruz é a justificação de Deus. Pelo
seu sacrifício, nossos pecados foram cancelados. Agora estamos quites com a lei
de Deus e com a justiça de Deus. Agora estamos justificados. Jesus é a nossa
propiciação pelos nossos pecados.
Os sacrifícios de animais, como vimos, aplacavam a ira de
Deus momentaneamente. Por isso foi necessário a vinda de Jesus como nosso
Cordeiro Pascal para morrer por nós e ser a nossa propiciação diante de Deus.
Como está escrito:
“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o
justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas
vivificado no Espírito” (1 Pe 3.18).
Nada ocorreu de mais nobre na história da humanidade, do que
a obra do calvário. O Justo morrendo pelos injustos, para que os injustos
fossem feitos justiça de Deus. “Aquele que não conheceu pecado, Ele o
fez pecado por nós, para que, n’Ele, fôssemos feitos justiça de Deus”. (
2 Co 5.21).
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