"Queres compreender o poder do sangue de Cristo? Repara de onde ele começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto, e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício."
São João Crisóstomo
O QUE NOSSO SENHOR JESUS PESSOALMENTE ENSINA ACERCA
DO SANGUE.
Com a vinda dEle,
todas as coisas velhas passaram, todas as coisas ficaram sendo novas. Veio do
Pai, no Céu, e pode-nos dizer em palavras divinas o caminho para o Pai.
Às vezes é dito que as palavras "NÃO SEM SANGUE" pertencem ao Antigo Testamento. Mas o que diz nosso Senhor Jesus Cristo acerca disso?
Note, primeiramente que quando João Batista anunciou a vinda do Messias, falou dEle preenchendo um cargo duplo, como "O CORDEIRO DE DEUS, que tira o pecado do mundo"; e depois como Aquele "que batiza com o Espírito Santo".
O derramamento do SANGUE do Cordeiro de Deus teria de ocorrer do derramamento do Espírito poder ser outorgado. Somente depois de cumprido tudo quanto o Antigo Testamento ensinou acerca do SANGUE é que a Dispensação do Espírito pode começar.
O próprio Senhor
Jesus Cristo declarou nitidamente que Sua morte na Cruz era o propósito para o
qual veio para o mundo; que era a condição necessária da redenção e da vida
que veio trazer. Declara com clareza que, em conexão com Sua morte, o
derramamento do Seu SANGUE era necessário.
Na Sinagoga de
Cafarnaum Ele falou de Si mesmo como sendo "O Pão da Vida"; da Sua
carne "que daria pela vida do mundo". Quatro vezes repetiu muito
enfaticamente: "Se não beberdes o seu SANGUE, não tendes vida em vós
mesmos". "Quem beber o meu SANGUE tem a vida eterna". "O
meu sangue é verdadeira bebida". "Quem beber o meu sangue, permanece
em mim e eu nele" (Jo 6). Nosso Senhor declarou assim o fato fundamental
de que Ele mesmo, como o Filho do Pai, que veio restaurar nossa vida perdida,
não pode fazer isto por qualquer outra maneira senão pela morte por nós;
derramando Seu sangue por nós; e depois fazer-nos participantes do Seu poder.
Nosso Senhor
confirmou o ensino das Ofertas do Antigo Testamento — que o homem somente pode
viver através da morte doutro, e assim obter uma vida que, mediante a
Ressurreição, se tornou eterna.
Mas o próprio
Cristo não pode tornar-nos participantes daquela vida eterna que Ele obteve
para nós, senão mediante o derramamento do Seu sangue e nos dando a beber
dele. Fato maravilhoso! "NÃO SEM SANGUE", a vida eterna pode ser
nossa.
Igualmente notável
é a declaração por nosso Senhor da mesma verdade na última noite da Sua vida
terrestre. Antes de completar a grande obra da Sua vida, ao dá-la "como
resgate por muitos," instituiu a Santa Ceia, dizendo: "Bebei dele
todos; porque isto é o MEU SANGUE, o sangue da nova aliança, derramado em favor
de muitos, para remissão de pecados." (Mt 26:28). "Sem derramento de
sangue não há remissão dos pecados." Sem remissão de pecados não há vida.
Mas mediante o derramamento do SANGUE obteve uma nova vida para nós. Por meio
daquilo que chama de "beber Seu sangue", Ele compartilha conosco a
Sua vida. O sangue DERRAMADO na Expiação, que nos liberta da culpa
do pecado; e da morte, o castigo
do pecado; o sangue que bebemos pela fé, nos outorga a
Sua vida. O SANGUE que Ele derramou foi, em primeiro lugar, PARA nós, e depois
é dado a nós.
III. O ENSINO DOS APÓSTOLOS SOB A INSPIRAÇÃO DO
ESPIRITO SANTO
Depois da Sua
Ressurreição e Ascensão, nosso Senhor já não é conhecido pelos Apóstolos
"segundo a carne." Agora, tudo quanto era simbólico passou, e as profundas verdades espirituais expressadas pelos símbolos, são desvendadas.
Mas O SANGUE não é
velado. Continua ocupando um lugar de destaque. Confira
primeiramente a Epístola aos Hebreus, que foi escrita deliberadamente para mostrar
que o culto no Templo já ficara sem proveito, e que a intenção de Deus era que
acabasse, já que Cristo viera.
Aqui, mais do que
em qualquer outro lugar, poder-se-ia esperar que o Espírito Santo enfatizasse
a verdadeira espiritualidade do propósito de Deus, mas é justamente aqui que o
Sangue de Jesus é referido de uma maneira que concede um novo valor à frase.
Lemos acerca de
nosso Senhor que
"pelo Seu próprio sangue, entrou no Santo dos
Santos" (Hb 9:12).
"O Sangue de
Cristo... purificará a nossa consciência" (v. 14).
"Tendo, pois,
irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus"
(Hb 10:19).
"Tendes chegado...
a Jesus, o Mediador da Nova
Aliança,
e ao sangue da aspersão" (12:24).
"Também Jesus,
para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta"
(13:12).
"Deus...
tornou a trazer dentre os mortos a Jesus nosso Senhor ... pelo sangue da
eterna aliança" (13:20).
Com tais palavras o
Espírito Santo nos ensina que o sangue é realmente o poder central da nossa
redenção inteira. "NÃO SEM SANGUE" é tão válido no Novo Testamento
como no Antigo. Nada senão o Sangue
de Jesus, derramado na Sua morte em prol do pecado, pode cobrir o pecado do
lado de Deus, ou removê-lo do nosso lado.
Achamos o mesmo
ensino nos escritos dos Apóstolos. Paulo escreve: "sendo justificados gratuitamente,
por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus... pela fé no seu
sangue/ ARC/" (Rm 3:24, 25), "sendo justificados pelo seu
sangue" (5:9).
Aos Coríntios
declara que "o cálice da bênção que abençoamos é a comunhão do Sangue de
Cristo" (1 Co 10:16).
Na Epístola aos Galatas
emprega a palavra "CRUZ" para transmitir o mesmo significado, ao
passo que em Colossenses une as duas palavras e fala de "O Sangue da Sua
Cruz" (Gl 6:14; Cl 1:20).
Lembra aos Efésios
que "temos a redenção, pelo seu sangue" e que "fomos aproximados
pelo sangue de Cristo" (Ef 1:7 e 2:13).
Pedro lembra aos
seus leitores que foram "eleitos... para a obediência e a aspersão do
Sangue de Jesus Cristo" (1 Pe 1:2), e que foram remidos "pelo
precioso sangue... de Cristo" (v. 19).
Veja como João
assegura a seus "filhinhos" que "o sangue de Jesus, seu Filho,
nos purifica de todo pecado" (1 João 1:7). O Filho é "Aquele que
veio... não somente com água, mas com a água e com o sangue" (5:6). Todos eles
concordam juntamente em mencionar o sangue, e em gloriar-se nele, como sendo o poder mediante o qual a eterna redenção mediante Cristo é plenamente
realizada, e depois é aplicada pelo Espírito Santo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário